quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Canção amiga


Eu preparo uma canção

em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Carlos Drummond de Andrade


"Canção Amiga" é um poema no qual Drummond expressa
o ideal de construir uma poesia capaz de despertar
a consciência dos adultos e servir
de canção de ninar para as crianças.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tela....

Minha segunda tela, claro que só podia ser outra flor...
Uma tela de 50x60 cm,
Ao principio escolhi esta flor pela sua beleza
branca como a pureza

Depois conforme ia a pintando, obstáculos iam aparecendo, dar cor e forma
a uma pétala branca não foi simples, mas com paciência,
consegui lá chegar.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O tempo

a quem pertence o tempo ?
se o tempo fosse meu
faria navegar veleiros pelas nuvens
voar os minutos por cima das ondas
para bater o ritmo das vidas passadas e presentes
mas fizerem relógios
e nelas as agulhas são prisioneiras
do tempo que passa
assinalando a memória das vidas
tocando todos momentos
alegres o tristes
são os sinais que regeram nossas vidas
prisioneiros do tempo que passa.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Com duas o três palavras...

Meu vocabulário em português contém duas o três palavras
nelas misturo um pouco do meu sentir de mulher
minhas tristezas o alegrias
mais um o dois ingredientes
não me perguntem quais eles são
isso é meu segredo
mas estou feliz em escrever
nas palavras que pintam minha alma e coração
da lingua de Camões o Pessoa
o dos fados eternos da Amalia...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ceia Outonal


Na tarde brilho de Outono amena
Descansei nos dourados soalheiros
E multipliquei-me de sabores frescos
Olhando o céu florido de arvoredos.

O caminho agora pisado pela fadiga
Escondia-me as sombras do prazer
No baile das flores resistentes atrevidas
E o meu respirar filtrava sensações.

Como desejaria cear com a lua atrevida
Ornamentar a mesa de pedra esculpida
E deitar-me no mosaico d'ouro estaladiço.

Como desejaria cair na sede de um silêncio
Ouvir apenas o vento entoar boas novas
E escrever na floresta um sonho d'Outono.

in MEMÓRIAS - by OUTONO - 2011

José Luis Outono