Estes dias li algo sobre os emigrantes como são vistos pelos portugueses de Portugal e este texto é uma maneira de responder a ele.
Naqueles tempos, em Portugal, o analfabetismo era importante, pois
as crianças começavam a trabalhar aos 10 ou 11 anos e andavam
descalços. O que se conseguia com o trabalho não dava para
sustentar a família. Isto levou a que muitos tivessem que fugir dessa
miséria e à ditadura. Foram obrigados a partir, não só pelo dinheiro,
mas para poder viver com dignidade e dar um futuro aos seus filhos.
Eles não levavam muito dinheiro, porque não o tinham, e alguns até
pediam esse dinheiro à família ou amigos para poder sair de
Portugal.
Não faziam ideia do que iam encontrar, mas esperançados de que
não fosse pior que a vida que iam deixar.
Como passa com toda a gente, quando muda de sítio, de trabalho ou
de país, sempre demora um tempo até adaptar-se, mas a maioria
adaptou-se rapidamente.
No estrangeiro trabalha-se, como em todas partes, mas há
trabalhos mais pesados e outros menos e, não sabendo falar a língua,
tinham que limitar-se a trabalhos manuais.
Muitos dos que chegaram nos anos sessenta do século vinte, vieram
com a esperança de ganhar dinheiro para construir sua casinha e
voltar o mais depressa possível para o seu país. Alguns sim que o
conseguiram, como os Meus Pais.
Quanto ao carro de gama, que mal tem isso? Se eles trabalharam
para o poder pagar!
O que mais me choca são os portugueses, de Portugal, que se
endividaram para comprar esses carros e, assim, fazer ver aos
emigrantes que não precisavam de sair do país para os ter: mas a
que preço?
Os emigrantes vinham somente para passar umas férias e
faziam questão de demonstrar que estavam a viver à grande e à
francesa (como se costuma dizer!), dizem os portugueses de Portugal (retirado do texto),
Depois de onze meses de trabalho, vinham à terra para carregar
baterias, mas eram mal recebidos pelos portugueses de Portugal
como consequência da inveja.
Onze meses a trabalhar e a conviver com os franceses, os filhos na
escola francesa, claro que já não falavam tão corretamente a nossa
língua, mas isso que importância tem! Hoje em Portugal a nossa
língua está cheia de anglicismos, e ninguém diz nada, mas se um
emigrante vem com alguma palavra francesa, por aí não passam:
pobre País!
Somos as mesmas pessoas, mas com mais sabedoria, com outra
visão da vida.
Não emigraram pelo dinheiro, como já disse antes, foi um passo dado
com o fim de viver com certa dignidade.
Não emigraram para países estranhos, há quem ficou na Europa ou
nos U,S,A., ou até no Canadá, onde foram bem acolhidos e bem
integrados, na maioria dos casos. Hoje os seus filhos têm bons
empregos e vivem bem, ainda que não sejam todos, porque a vida,
como em Portugal, não sorri igual para todos.
Quantos vivem ainda hoje na miséria em Portugal? Sem
aquecimento, por exemplo!
Antes de falar sobre os emigrantes, falem sobre a miséria que há em Portugal, os idosos sozinhos (não é só em Portugal) com pequenas reformas, outros que estudaram com pequenos salários, escolas mal aquecidas e tanto mais...
Hoje em dia muitos emigrantes andam a vender suas casas e a ficar por cá na companhia dos filhos e netos. Outros que conheço, passam aí 6 meses e 6 meses de inverno por cá.
Eu já não me considero como emigrante há vários anos.. Sou francesa em França e portuguesa em Portugal.
E para estar bem quando estou no meu país, olho simplesmente pela a paisagem: meu lindo mar e aquele céu azul e deixo o resto de lado. E assim estou num paraíso total, ouvindo o bater das ondas na areia, e sentindo os raios de sol aquecer minha pele.
Lena Almeida Franco
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