quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Sobre os emigrantes...

 

Estes dias li algo sobre os emigrantes como são vistos pelos portugueses de Portugal e este texto é uma maneira de responder a ele. 

Não levem nada a mal do que está aqui escrito. Como disse é simplesmente a resposta a um texto que li há poucos dias. Um texto que tive dificuldades em ler. 



Naqueles tempos, em Portugal, o analfabetismo era importante, pois

as crianças começavam a trabalhar aos 10 ou 11 anos e andavam

descalços. O que se conseguia com o trabalho não dava para

sustentar a família. Isto levou a que muitos tivessem que fugir dessa

miséria e à ditadura. Foram obrigados a partir, não só pelo dinheiro,

mas para poder viver com dignidade e dar um futuro aos seus filhos. 

Eles não levavam muito dinheiro, porque não o tinham, e alguns até

pediam esse dinheiro à família ou amigos para poder sair de

Portugal. 

Não faziam ideia do que iam encontrar, mas esperançados de que

não fosse pior que a vida que iam deixar.

Como passa com toda a gente, quando muda de sítio, de trabalho ou

de país, sempre demora um tempo até adaptar-se, mas a maioria

adaptou-se rapidamente.

No estrangeiro trabalha-se, como em todas partes, mas há

trabalhos mais pesados e outros menos e, não sabendo falar a língua,

tinham que limitar-se a trabalhos manuais.

Muitos dos que chegaram nos anos sessenta do século vinte, vieram

com a esperança de ganhar dinheiro para construir sua casinha e

voltar o mais depressa possível para o seu país. Alguns sim que o

conseguiram, como os Meus Pais. 

Quanto ao carro de gama, que mal tem isso? Se eles trabalharam

para o poder pagar!

O que mais me choca são os portugueses, de Portugal, que se

endividaram para comprar esses carros e, assim, fazer ver aos

emigrantes que não precisavam de sair do país para os ter: mas a

que preço?

Os emigrantes vinham somente para passar umas férias e

faziam questão de demonstrar que estavam a viver à grande e à

francesa (como se costuma dizer!), dizem os portugueses de Portugal (retirado do texto),

Depois de onze meses de trabalho, vinham à terra para carregar

baterias, mas eram mal recebidos pelos portugueses de Portugal

como consequência da inveja.

Onze meses a trabalhar e a conviver com os franceses, os filhos na

escola francesa, claro que já não falavam tão corretamente a nossa

língua, mas isso que importância tem! Hoje em Portugal a nossa

língua está cheia de anglicismos, e ninguém diz nada, mas se um

emigrante vem com alguma palavra francesa, por aí não passam:

pobre País!

Somos as mesmas pessoas, mas com mais sabedoria, com outra

visão da vida.

Não emigraram pelo dinheiro, como já disse antes, foi um passo dado

com o fim de viver com certa dignidade.

Não emigraram para países estranhos, há quem ficou na Europa ou

nos U,S,A., ou até no Canadá, onde foram bem acolhidos e bem

integrados, na maioria dos casos. Hoje os seus filhos têm bons

empregos e vivem bem, ainda que não sejam todos, porque a vida,

como em Portugal, não sorri igual para todos.

Quantos vivem ainda hoje na miséria em Portugal? Sem

aquecimento, por exemplo! 

Antes de falar sobre os emigrantes, falem sobre a miséria que há em Portugal, os idosos sozinhos (não é só em Portugal)  com pequenas reformas, outros que estudaram com pequenos salários, escolas mal aquecidas e tanto mais...

Hoje em dia muitos emigrantes andam a vender suas casas e a ficar por cá na companhia dos filhos e netos. Outros que conheço, passam aí 6 meses e 6 meses de inverno por cá.

Eu já não me considero como emigrante há vários anos.. Sou francesa em França e portuguesa em Portugal.

E para estar bem quando estou no meu país, olho simplesmente pela a paisagem: meu lindo mar e aquele céu azul e deixo o resto de lado. E assim estou num paraíso total, ouvindo o bater das ondas na areia, e sentindo os raios de sol aquecer minha pele.

Lena Almeida Franco




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