quarta-feira, 1 de junho de 2016

Meu dia-a-dia

Quase vinte anos a trabalhar no meio da saúde. Sou auxiliar de vida (aide-soignante). Uma formação de um ano num instituto de enfermagem, com dez estágios em diversos serviços de hospital da psiquiatria, cirurgia, medecina, serviços de crianças doentes, etc. Depois disso escolhi de trabalhar numa unidade de pessoas com Altzheimer e outras demências. Um serviço fechado, acompanhando o doente e a familia.  Passamos 7 horas ali, dando vida, paliando as dificuldades , dando lhes o melhor de nós.
O que mais me custa nessa doença maldita é quando a pessoa sente que começa a esquecer quem é, onde está, que faz ela ali. é uma fronteira entre ela e a doença, e essa fronteira é aquela linha onde entra totalmente na doença e não há retorno. Mas há essa linha alguns tempos. E por vezes  lá vem alguma lucidez e isso é o pior, nesse momento ainda vê quem ela é. Depois quando a doença se apropriou completamente dela, entra noutro mundo. A familia tenta estar ali, sempre lhe recordando quem ela é. Conhecendo a pessoa, continuamos a manter os hábitos que tinha para os relembrar o mais tempo possivel.