sexta-feira, 7 de maio de 2010

Primeira adaptação a uma nova vida


Como disse Platão

"O começo é a parte mais dificil do trabalho"

Belfort, abril 1967...
Pela as ruas, uma menina com ar vazio, perdido, vai caminhando para a escola.
Os primeiros dias escolares como se sabe são um grande momento na vida de toda criança.
Ali aconteceu bruscamente,
sem estar preparada a isso.
Desses tempos nunca voltei a falar, estavam metidos numa gaveta fechada.
Faziam parte daquilo a esquecer.
Reabri essa parte da memoria do passado.
Me revejo menina que era;
sento aquele ar fresco que batia na cara pela a manha,
caminhando para a escola, pasta na mão;
tremendo por dentro, não mostrando a ninguém a angústia, o medo.
Aqueles prédios todos cinzentos, sem cor, sem odor me acompanhavam e me gelavam. Durante as aulas claro que não percebia nada.
Era abril, o ano escolar estava quase a termo, os alunos sabiam ler, escrever.
Durante o recreio, encostava me a uma parede, olhando para eles brincando, rindo, falando forte : estavam felizes de estar entre eles.
No meu cantinho a solidão pesava sobre meus ombros, a tristeza me invadia. Nesse momento pensava no sol do meu Portugal, nas amigas que la tinha e nas nossas brincadeiras. Uma delas era correr descalça, gostava de sentir meus pés na terra; enquanto agora tinha de usar sapatos...sempre.
Estava em França, na cidade de Belfort.
Tinha de me adpatar aquela vida e vila.
Era quinta feira da primeira semana escolar, sai de casa, ainda parece que foi ontem; o tempo estava fresco e escuro, sintia me tão pequena no meio daquela avenida
e estranho não via ninguém com a pasta.
O já ia atrazada o cedo demais, como saber ?
Tinha medo de voltar para casa, não queria criar problemas aos meus pais.
Cheguei a escola as portas estavam fechadas e la consegui comprender que aquele dia era dia de folga.

7 comentários:

gaivota disse...

oh lena... vai focar sempre marcada em ti este primeiro dia de tudo!
foi a chegada a frança, o 1º dia de escola, a adaptação a quase nada...
alguns anos depois, venceste tantas barreiras e continuas com o teu cantinho aqui à beira mar à tua espera, sempre...
força aí!!!
beijinhos

poetaeusou . . . disse...

*
a vida é sofrimento, amiga,
serve de Escola, não duvides,
porém com dor, muita dor !!!
,
brisas serenas,
,
*

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Lena, belo post...Espectacular....
Beijos

Duarte disse...

Ainda que seja uma reiteração tenho que dizer-te que é bom que escrevas, que deites para fora aquilo que feriu e fere a tua sensibilidade. Pode que a vida te tenha endurecido mas no fundo notasse uma alma sã, rica em sentimentos.
Faz-me caso, escreve, conta coisas, faz um libro... fazer-te-á bem e é um legado que deixas aos teus.
O que aqui escreves hoje está cheio de humanidade, pelo menos para os mais sensíveis. Algo espectacular... para fazer que os teus se sintam orgulhosos.

Abraço-te desde a emoção

Duarte disse...

Lena,
conseguiste emocionar-me... es uma romântica! Algo que me toca no mais intimo... um amigo meu este verão disse-me -Duarte, é assim que me chamam os amigos de sempre, es o último romântico... Naquele momento fiquei triste e agora também ao notar a nostalgia das tuas palavras e porque neste momento a Mariza ameniza o ambiente de solidão em que me encontro com "Ó gente da minha terra"... está tudo dito.

Obrigado pela tua sensibilidade e afecto.

Um chi coração, fruto da emoção

Luna disse...

O primeiro dia seja do que for marca sempre, quando isso acontece com uma criança as marcas são mais fundas, mas já passou, tudo um dia acaba por passar
beijinhos

Nilson Barcelli disse...

A falta de informação era enorme nesses tempos da emigração.
Vai contando as tuas histórias, estou a adorar...
Querida amiga, bom resto de semana.
Beijo.